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Proteção Infantil no Mundo Digital: o que o vídeo do Felca revela e o que todo pai e mãe precisa entender

  • Foto do escritor: Maria Godoy
    Maria Godoy
  • 11 de ago.
  • 4 min de leitura

Proteger um filho na internet não é sobre controlar telas — é sobre fechar portas antes que alguém do outro lado resolva entrar.


Nos últimos dias, um vídeo tomou conta das redes sociais e, sinceramente, me deixou com um nó na garganta. O criador de conteúdo Felca publicou uma denúncia que já foi vista por milhões: a exploração e sexualização de crianças e adolescentes online.


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Não estamos falando de exageros ou interpretações forçadas. Estamos falando de casos concretos e, em alguns, criminosos, que mostram como a infância pode ser destruída por um clique.


No vídeo, Felca expôs exemplos extremos:

  • Crianças transformadas em produtos de consumo rápido.

  • Adolescentes inseridos em contextos com álcool, drogas e sexualização explícita.

  • Menores usados para engajamento, enquanto plataformas fazem vista grossa e, muitas vezes, ainda monetizam.


E o que mais me marcou foi um ponto que poucas pessoas realmente entendem: a internet não é neutra.


O algoritmo que decide o que você vê não tem empatia, filtro moral ou bom senso.


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Ele só mede métricas: tempo de visualização, curtidas, compartilhamentos. Se um vídeo prende atenção, ele é impulsionado e distribuído para as pessoas “certas”, sem, a princípio, importar muito o contexto ou os fins.


E antes que você venha falar sobre moderação e responsabilidade das plataformas (mais à frente trago um dado interessante), sobre quem está “por trás dos algoritmos", já te adianto: esse não é o ponto aqui. Meu papel e dessa newsletter é te mostrar que você não estará seguro enquanto esperar proteção vinda de terceiros. Temos que concordar aqui que cobrar que empresas priorizem a segurança do seu filho acima do próprio lucro é, digamos, utópico. Bom, belo, justo, moral - porém utópico. Para continuar lendo este artigo, partimos da premissa de que somos adultos realistas que entendem como o mundo funciona - concordo que deveria funcionar de outra forma, mas vamos lidar com a realidade - só assim poderemos, ao menos dentro do nosso mundinho, mudá-la.


Continuando… tudo isso significa que aquele vídeo fofo do seu filho brincando na praia pode, em questão de horas, estar circulando em grupos privados de pessoas que o veem de forma completamente diferente, asquerosa e criminosa.


E uma vez que o algoritmo identifica esse interesse, ele replica e distribui para outros perfis semelhantes, criando uma rede semi-invisível.


Eu já trabalhei em áreas de proteção de dados de grandes plataformas internacionais, inclusive de vários dos maiores sites de conteúdo +18 do mundo, e posso dizer: existem coisas que só posso falar com detalhes no Bunker, porque são fortes demais para tratar aqui.


Mas posso afirmar com clareza — e com a experiência de quem já viu isso acontecer por dentro — que depois que algo é publicado online, você perde totalmente o controle.


Mesmo que remova, cópias podem se espalhar em minutos para lugares inalcançáveis, hospedados em servidores fora da jurisdição, replicados em fóruns, grupos privados e redes que você nem sabe que existem.


E não é só minha opinião. Estudos, pesquisas e dados confirmam:

  • Um estudo que analisou mais de 2 milhões de posts no Facebook (incluindo 10 mil removidos) descobriu que 90% de todo o engajamento acontece nas primeiras 30 horas. Ou seja, mesmo que você consiga apagar rápido, o impacto e a exposição já estão praticamente consolidados, e, em média, a remoção só evita 21% do alcance total previsto. Os outros quase 80% de alcance não são evitados mesmo com “moderação” pós-publicação.

  • Pesquisadores simularam a remoção de conteúdo ilegal e confirmaram nesse estudo que qualquer atraso na identificação ou na execução do takedown reduz drasticamente a eficácia. Em outras palavras, basta um pequeno atraso para que o conteúdo “vaze” para um ponto de não retorno.

  • Uma análise de 54 mil notificações de remoção (DMCA) revelou que menos da metade dos links ofensivos são removidos em até 60 dias — e apenas 4% saem do ar nas primeiras 48 horas. No caso do Google, a média para desindexar é de 11,7 dias — tempo suficiente para que cópias e repostagens se multipliquem.


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Na prática, isso significa que o momento de decidir por uma PUBLICAÇÃO é a maior (e talvez a última) chance que você tem de evitar a perda total de controle.


Depois disso, você não consegue mais escolher quem vai ver, como vai interpretar e onde aquilo vai parar.


Essa é a realidade dura e silenciosa da internet, e é por isso que a decisão mais segura é, quase sempre, não postar.


A proteção das crianças e adolescentes online não é uma batalha que se vence apenas com filtros ou limite de horas de tela. É sobre consciência ativa.


É sobre assumir que o seu papel como pai ou mãe não é abrir portas, é trancá-las antes que alguém do outro lado tente entrar.


Não é sobre deixar que seu filho “performar” para a internet, é garantir que ele tenha infância, com tempo e liberdade para brincar, aprender e crescer longe da pressão artificial de ser interessante para um monte de desconhecidos.


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Pra levar disso tudo


Se você é pai, mãe, ou responsável, guarde isso:


  • Se conseguir controlar o ímpeto, não exponha seu filho. Ponto.

  • Evite postar fotos e vídeos de crianças em trajes de banho ou situações íntimas.

  • Não permita que elas administrem sozinhas redes sociais.

  • Monitore e limite o tempo online, supervisão é cuidado mínimo, não deixe ninguém dizer que é invasão.

  • Converse sobre segurança digital desde cedo, para que entendam riscos e saibam dizer não, saibam identificar situações inapropriadas.

  • Denuncie conteúdos suspeitos no Disque 100 ou safernet.org.br.


O que Felca mostrou não é ficção, é simplesmente o que acontece quando não há limites.

E no vácuo desse limite, quem ganha liberdade para agir são os criminosos. A internet

precisa ser perigosa para predadores, não para nós.


Se essa mensagem fez sentido para você, compartilhe.


Quanto mais pessoas entenderem, mais difícil será para esse tipo de exploração se esconder.


Abraços, com a calma de quem desliga notificações e moe o próprio café,Maria Godoy


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